segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Tema: Legalização da maconha - 3º ano do Ensino Médio.


LEGALIZAÇÃO DA MACONHA

LOS ANGELES - Os californianos decidiram na terça-feira, 2, em votação, contra a legalização da maconha para uso recreativo no Estado, segundo projeções de pesquisas de boca-de-urna.

O resultado coincide com as últimas sondagens, que mostravam oposição majoritária para que não houvesse a liberação da droga para este fim. A droga atualmente está legalizada na Califórnia, desde que haja prescrição médica no tratamento de doenças que vão desde a insônia até o câncer.

Horas antes de se encerrar a votação, os idealizadores da Proposta legislativa 19, como ficou conhecida, diziam que apesar da derrota iminente "haviam colocado a maconha na boca de todo o mundo e que a discussão continuava aberta", como frisou Dale Sky Jones, um dos responsáveis pelo centro educativo sobre a maconha da Oaksterdam University, na Califórnia.
Defensores famosos

Os defensores da legalização - que incluem personalidades como a atriz Susan Sarandon e o bilionário George Soros - dizem que a taxação sobre a venda da droga traria uma considerável receita extra para o Estado e permitiria que policiais e o poder judiciário se concentrassem em lutar contra drogas mais pesadas.

Os críticos, porém, alegam que a legalização da maconha prejudicaria o desempenho acadêmico dos estudantes e aumentaria o número de acidentes no ambiente de trabalho. O governador do Estado, Arnold Schwarzenegger, e a Casa Branca comemoraram a derrota da proposta. "Hoje, os californianos reconheceram que legalizar a maconha não vai tornar nossos cidadãos mais saudáveis, resolver o problema orçamentário da Califórnia ou reduzir a violência ligada às drogas no México", declarou o diretor para Política de Drogas da Casa Branca, Gil Kerlikowske, após a divulgação dos primeiros resultados.

"O governo Obama foi claro em sua oposição à legalização da maconha porque pesquisas revelam que o uso de maconha está associado a internações voluntárias para tratamento de vícios, acidentes fatais sob influência de drogas, doença mental e admissão em setores de emergência nos hospitais.“

O presidente do México, Felipe Calderón, havia criticado a votação. Ele disse que seria contraditório os EUA lutarem contra o narcotráfico e, ao mesmo tempo, permitir o consumo deliberado da droga em algumas partes de seu território.

                   O último levantamento realizado pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (SENAD) sobre o uso da maconha no Brasil, em 2005, revelou que 8,8% da população brasileira já consumiram a droga alguma vez na vida. Entre adolescentes, esse índice era menos da metade: 4,1%.

Outro levantamento do SENAD, desta vez sobre o consumo de álcool, de 2004, mostrava que 48% dos adolescentes na mesma faixa etária já tinham experimentado bebidas alcoólicas uma vez na vida, um índice mais de dez vezes maior que o da maconha. Entre crianças de 10 e 12 anos, 41%.

Os números mostram que as maiores vítimas de uma eventual liberação da maconha no Brasil seriam os jovens e adolescentes. O álcool, liberado, já foi consumido por quase metade de todos os indivíduos nessa faixa etária. Já a maconha, hoje proibida, tem baixa penetração entre os adolescentes. E é melhor que assim permaneça segundo os especialistas -  inclusive os que defendem a liberação de seu uso terapêutico e científico no Brasil.

Mesmo Antonio Zuardi, psiquiatra e professor do departamento de neurociências e ciências do comportamento da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto, que já realizou várias pesquisas comprovando que substâncias presentes na maconha podem atuar beneficamente em pessoas com fobia social, ressalta os perigos da maconha para os adolescentes. “Alguns estudos mostram que o uso excessivo em jovens em fase de desenvolvimento  pode aumentar a chance de desenvolver quadros psicóticos no futuro. Existem outras evidências de que o uso muito intenso pode produzir problemas cognitivos, de memória e de raciocínio”, afirma.


Para o psiquiatra Ivan Mario Braun, autor do livro Drogas – perguntas e respostas (mg editores), que também defende o uso medicinal das substâncias da Cannabis sativa, nome científico da planta da maconha, não há nada de subjetivo nos efeitos prejudiciais da droga. “Ela prejudica o aprendizado e facilita o aparecimento de surtos psicóticos em pessoas pré-dispostas.”

O consumo da maconha por pessoas em fase de desenvolvimento pode provocar danos permanentes. Dependendo da quantidade consumida, os problemas que a droga causa à memória de curto prazo – aquela que faz você lembrar o conteúdo que o professor acabou de passar – podem se intensificar e prejudicar também a memória de longo prazo.

Elisaldo Carlini, professor da UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo) e talvez o maior especialista no uso medicinal e científico da maconha no Brasil, deixa claro que a droga impede a memória de curto prazo e seu uso crônico faz o rendimento intelectual cair
Rede de proteção
Ronaldo Laranjeira, coordenador da UNIAD (Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas) da UNIFESP, Phd em psiquiatra pela Universidade de Londres, é definido como um “cruzado” por Carlini, que foi seu professor na década de 80. “Eu o chamo para tomar uma cerveja, mas ele não bebe”, brinca. Laranjeira é um dos organizadores do Primeiro Levantamento Nacional sobre os Padrões de Consumo de Álcool na População Brasileira, realizado pelo SENAD, e pertinaz oponente da liberalização da maconha.


“Na Holanda, quando se flexibilizou o mercado da maconha, aumentou o consumo. No Brasil isso seria temerário, já que não temos uma rede de proteção como a Holanda tem.” Segundo Laranjeira, 80% dos usuários de droga na Holanda tem contato com o sistema de saúde – o que não acontece no Brasil.

Há alguns problemas que não são levados em conta quando se fala de liberar a maconha no Brasil, diz Laranjeira. O índice de usuários regulares no Brasil fica entre 2 e 3% da população, metade do índice americano e holandês. “Para aplicar a mesma política aqui, onde o consumo ainda é baixo do ponto de vista da saúde pública, é preciso tomar cuidado. Nem sempre o que é bom lá vai ser bom aqui.”

Segundo Laranjeira, a legalização, da forma que está sendo proposta, aumentaria o consumo justamente entre os jovens. “Quem vai mais consumir não é um senhor de 50 anos, é o cara de 15”, afirma. Ele refuta a fama de 'droga leve' da maconha. “Falar que maconha não faz mal é um absurdo do ponto de vista psiquiátrico. Sabemos que 13% dos novos casos de esquizofrenia são decorrentes do uso da maconha.”
Como a droga atua
 Na primeira infância, há uma reorganização do sistema nervoso central e milhares de neurônios morrem para que a criança passe por um processo de amadurecimento. O cérebro passa por essa fase no início da puberdade. Nas meninas, ocorre entre 10 e 11 anos, e nos meninos com 12 e 13 anos. O termo técnico para essa morte celular programada é apoptose.

Depois desse momento, surgem novas sinapses que preparam o adolescente para as funções da idade adulta, como o pensamento abstrato, planejamento e o cálculo matemático, que estão relacionados a uma área específica do cérebro chamada córtex pré-frontal. É exatamente nessa área que funciona o sistema de recompensa, onde todas as drogas que causam dependência agem, como o álcool, o tabaco, a cocaína, a maconha.

“Se você pensar que uma criança começa a consumir uma dessas drogas ou a maconha, o que vai acontecer com essa estrutura? Ela vai ser totalmente danificada precoce e irreversivelmente. Essas novas sinapses, essas novas ligações neuronais vão ser destruídas pelo uso da maconha”, afirma Marco Antonio Bessa, presidente da Sociedade Paranaense de Psiquiatria.

Se a droga é utilizada por pessoas maiores de 18 anos, o dano estará relacionado à quantidade e frequência do uso. Estudos mostram que quanto mais cedo o consumo de qualquer droga, maior o risco de se tornar dependente. “Os jovens acham que é uma droga leve, mas os efeitos danosos são piores que os do álcool e os do tabaco”, diz Bessa.
(...)

 O ator da Rede Globo, e protagonista do filme Tropa de Elite 2, Wagner Moura, participou na última quarta-feira (13) de um debate em São Paulo, no Teatro Bombril, onde o filme foi exibido seguido de uma conversa entre cineastas, jornalistas e o público.


Wagner falou sobre o filme, sobre a identificação com o personagem, o "famoso" Capitão Nascimento, e tocou em um assunto abordado no longa e muito discutido nos dias de hoje: a liberação e a legalização das drogas.


"A política de repressão não tem funcionado. Eu vejo a questão das drogas como uma questão de saúde pública. Eu sou a favor da legalização das drogas, a começar pela evidente necessidade da legalização da maconha, e digo isso como cidadão, de forma quase irresponsável porque não sou nenhum especialista em drogas, acho que isso deve ser visto por pessoas muito mais gabaritadas do que eu. O que eu constato é que a repressão é ineficaz, só gera mais morte e tiroteio, e tem muito mais gente morrendo na guerra do tráfico, do ilícito, do que propriamente usando a droga", declarou o ator.




Sobre o engajamento político da juventude na sua época e atualmente, Wagner destacou uma diferença positiva entre os comportamentos das duas gerações e a forma com que o jovem contemporâneo vê e lida com a política:

"Na minha época, a grande maioria dos jovens era muito alienada de política. Na época dos caras-pintadas, saía só pra pegar mulher, beber uma cervejinha e hoje vejo um interesse muito maior. (...) Eu acho que se um filme como esse, político e ao mesmo tempo um fenômeno de cultura de massa, ajudar a garotada a pensar e refletir sobre política só contribui", disse.
TAREFA 1


Após a leitura da matéria, faça uma pequena entrevista (gênero) com o ator Wagner Moura, a qual deverá constar:
Três perguntas que explorem dados importantes sobre o debate o qual participou no Teatro Bombril e sobre a visão do mesmo  com relação à legalização da maconha; e (propósito) as três respctivas despostas, também com base na matéria (propósito).
Lembre-se de que não deverá recorrer à mera colagem de trechos do texto lido.
TAREFA 2


Coloque-se na posição de um jornalista que, com base na leitura do texto deverá escrever um editorial, isto é, um artigo jornalístico opinativo, para um importante jornal do país, discutindo a legalização da maconha no Brasil (propósito). Seu texto deverá, necesariamente:
Retratar a problemática a través de uma crítica constrututiva e um posicionamento claro sobre a questão em pauta.
Apontar uma possível solução sobre o assunto, baseada no ponto de vista definido.
TAREFA 3


Após a leitura da matéria, faça uma pequena crônica (gênero) sobre o assunto em questão, ressaltando a problemática e destacando seu ponto de vista, como cidadão ativo da atual sociedade.
Tarefa 4
Fazer uma dissertação, de 20 a 20 linhas sobre o tema proposto, posicionando-se a respeito do mesmo, com título.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Tortura - 3º ano do Ensino Médio


Tema: A TORTURA NO SÉCULO XXI
Em 1995, o radical islâmico Abdul Hakin Murad foi preso nas Filipinas acusado de tramar ações tão espetaculares que se levados a cabo fariam de Osama Bin Laden um mero coadjuvante na história do terrorismo. Na lista de objetivos de Murad, além de bombardear o QG da CIA, nos Estados Unidos, constavam o assassinato do papa João Paulo II e a explosão de não apenas quatro, mas de 11 aviões com passageiros. Com sua confissão, obtida após um mês de sessões de tortura, centenas de vidas foram salvas. Ainda que a veracidade dos planos de Murad jamais tenha sido comprovada, não há dúvida de que sua história, se utilizada como fábula macabra, acaba fornecendo fortes argumentos em favor de algumas das mais hediondas práticas humanas: a tortura. Afinal, Murad teria confessado seus planos mirabolantes se não tivesse sido submetido a maus-tratos? Provavelmente não. Então por que correr o risco?
Até antes dos atentados ao World Trade Center, em 2001, a prática da tortura parecia confinada aos porões das prisões numa relação restrita a torturadores e torturados, apesar de todo o barulho feito por grupos de defesa dos direitos humanos. Quando as torres gêmeas caíram, no entanto, as coisas tomaram outro rumo, e aquilo que era horrendo e injustificável - porém secreto - , ganhou status de doutrina de segurança, abertamente defendida em nome de sua suposta eficiência como arma de guerra contra o terrorismo.
Para garantir a segurança nacional, os Estados Unidos decidiram não mais correr riscos, passando a tolerar e até mesmo a justificar oficialmente os abusos, agora renomeados "táticas de pressão". Principal defensor dessa nova política, o secretário da Defesa americano, Donald Rumsfeld, assinou em novembro de 2002 um memorando endossando o emprego de 14 técnicas de interrogatório nos suspeitos de terrorismo detidos na base que os Estados Unidos mantêm em Guantánamo, Cuba. Na lista de suplícios, "posições estressantes, contato físico mediano, interrogatórios de 20 horas, privação de itens de conforto - inclusive artigos religiosos -, utilização de fobias e despir o prisioneiro".
A reação de grupos de defesa de direitos humanos e parlamentares colaborou para que o documento fosse revogado, o que não quer dizer que Rumsfeld tenha mudado de opinião, como pôde ser confirmado após o vazamento das imagens da prisão iraquiana de Abu Ghraib, mostrando presos submetidos por soldados americanos a situações de maus-tratos, humilhações e constrangimento. "Minha impressão é que o mostrado até agora é abuso, tecnicamente diferente de tortura", disse o secretário na ocasião.
HISTÓRIA DE MARTÍRIOS
Eufemismos à parte, a Anistia Internacional, um dos mais influentes grupos de defesa de direitos humanos do mundo, confirma casos de tortura em 130 países. O que faz que tantos países entrem na lista é a abrangência do significado do termo tortura para as entidades de defesa dos direitos humanos. "A tortura não é só a violência utilizada para obter uma informação. A definição de tortura abrange a violência com o intuito de humilhar, controlar ou discriminar", afirma Tim Cahill, pesquisador da Anistia Internacional para o Brasil.
Essa nova definição de maus-tratos, colocando de um lado a força moderada e, do outro, a tortura, é descartada pela Anistia Internacional. "Não dá para fazer essa distinção. Se você permitir determinados tipos de tratamento, quando a ação estiver nas mãos de pessoas mal preparadas será fácil ultrapassar a linha que definiria tortura", diz o pesquisador. Apesar dos argumentos contrários, um breve passeio pela história mostra que é quase impossível resistir ao anseio de recorrer à brutalidade. De onde vem essa tentação? Do seu aspecto mais sombrio: sua suposta eficiência.
No livro A Ditadura Escancarada, o jornalista Elio Gaspari faz uma reflexão sobre a eficiência do martírio: "O que torna a tortura atraente é o fato de que ela funciona. O preso não quer falar, apanha e fala. É sobre essa simples constatação que se edifica a justificativa da tortura pela funcionalidade. O que há de terrível nela é sua verdade". Guanaira Amaral, antropóloga, psiquiatra e membro da Acat-Brasil (Ação dos Cristãos para a Abolição da Tortura), endossa a opinião de Gaspari. "Por isso historicamente ela vem sendo usada pelos grupos que tiveram poder."
No livro Vigiar e Punir - História da Violência nas Prisões, o filósofo francês Michel Foucault (1926-1984) recupera um caso ocorrido no século 16, quando a punição de um assassino foi tão brutal que chegou a comover os espectadores. Foram 18 dias de martírios, envolvendo mergulhos em água fervente e mutilações. Indignado, o povo clamou ao juiz que decretasse finalmente a morte do acusado por estrangulamento. Esse tipo de mobilização começou a preocupar os governantes, já que a punição violenta transformava carrascos em criminosos, juízes em assassinos, o rei em tirano, enquanto o condenado ganhava a piedade do povo.
Houve então uma mudança no procedimento da Justiça: as sentenças deveriam ser públicas para dar certeza de que os crimes seriam punidos, mas as execuções não precisavam mais do espetáculo. Para acomodar a nova realidade, a partir do século 18 foram criadas as penitenciárias e os centros de correção. Na prática, varria-se para baixo do tapete técnicas de barbárie que continuariam a ser praticadas pelos séculos seguintes.
Tanto que só em 1948, com a Declaração Universal de Direitos Humanos, esse tipo de violência foi oficialmente condenado. "Ninguém será submetido a tortura ou a tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes", diz o artigo 5º da declaração.
Em 2004, o relatório geral da Anistia Internacional revelou quatro situações em que as denúncias de tortura são especialmente preocupantes. São nações sob governos ditatoriais, países onde a democracia sucedeu a ditadura, mas não houve reforma dos sistemas de investigação e da Justiça criminal (nesse grupo está o Brasil), lugares onde a tortura aparece em casos isolados de abuso de poder e os eventos ocorridos na prisão iraquiana. Segundo Irene Khan, secretária geral da Anistia, a situação é a pior dos últimos 50 anos.
LICENÇA PARA TORTURAR
O advogado criminalista e professor da Universidade de Harvard Alan Dershowitz não tem dúvidas de que o uso limitado de tortura não-letal em casos extremos como o do acusado de terrorismo Murad não é apenas justificável, mas necessário. Dershowitz, que tem no currículo a defesa do ex-presidente Bill Clinton no processo de impeachment e a absolvição de O.J. Simpson, não arrisca dizer quais seriam os martírios admissíveis, mas defende a urgente revisão das leis vigentes sobre o tema.
"Eu falo de tortura não-letal, como agulha esterilizada sob as unhas, à qual o acordo de Genebra se opõe. O fato é que países de todo o mundo violam secretamente esse acordo. A tortura está enraizada em regimes autoritários e democráticos. Sua não-regulamentação é uma hipocrisia que pode nos levar a uma situação ainda pior", disse o criminalista em entrevista à rede de TV americana CNN.
Outro argumento de Dershowitz se refere à flexibilização dos códigos de guerra, para que se possa criar legalmente técnicas equivalentes às empregadas pelos terroristas. Ele diz que esse é o único meio de lutar de igual para igual contra inimigos que se superam em brutalidade, a ponto de explodirem seus corpos. "Técnicas equivalentes" são mais um eufemismo para tortura.
A guerra representa o caso extremo, mas como tratar o assunto em países como o Brasil, que há séculos convive com abusos, mas encara a possibilidade de um ataque terrorista da mesma forma que espera um terremoto?
Na opinião da vice-presidente da ONG Tortura Nunca Mais, Cecília Coimbra, o fortalecimento de uma doutrina de segurança nacional importada dos Estados Unidos faz com que países como o Brasil resistam cada dia menos à tortura. Em São Paulo, por exemplo, pesquisa do Datafolha mostrou que a aprovação dos paulistanos à tortura cresceu quatro pontos percentuais desde 1994, chegando a 24% em 2001.
Para entidades de defesa de direitos humanos, a simples retomada dessa discussão é um retrocesso. "Se for mantida a justificativa de que a tortura é aceitável por questões de segurança, vai se abrir uma caixa de Pandora que será difícil de fechar", afirma Tim Cahill, da Anistia Internacional.
Contra os defensores dos maus-tratos, o argumento óbvio e imediato são as leis e convenções internacionais que tratam da tortura condenando-a, como a Convenção contra Tortura e Outros Tratamentos e Punições Cruéis, Inumanas e Degradantes, de 1984, as quatro convenções de Genebra de 1949 (sobre a proteção a civis, tratamento a prisioneiros de guerra, feridos em campos de batalha e em naufrágios) e os vários tratados recentes.
Para além da abordagem jurídica, as entidades garantem que sobram razões para descartar a tortura como forma de garantir o bem-estar coletivo. O maior problema, alegam, é o da permissividade que fugiria ao controle do Estado. Além disso, esbravejam que a tortura não diminui a violência e que jamais o torturador estará seguro de ter capturado o homem certo e obtido as informações exatas - de volta ao caso Murad, não há provas de que seus planos teriam condições de serem concretizados. E mais: defendem que há outras formas de obter informação.
Agora, se depois de tanto tempo a força desses argumentos continua incapaz de deter a disseminação da tortura, pode-se presumir que a tal "caixa de Pandora" já foi aberta. A questão é sabermos se teremos ou não coragem de olhar o que tem dentro dela.

domingo, 18 de setembro de 2011

Trabalho de Redação [2] - 3º ano do Ensino Médio


III TESTE para aula de Interpretação de Texto
Profª. Lucileine
TRABALHO DE REDAÇÃO – 3 COLEGIAL – 3 BIMESTRE 2011

“Levado pelo sonho, Cabral, permitiu que a frota sob seu comando se afstasse da costa africana. Os comhecimentos náuticos avolumados ao longo do ‘seculo XV eram suficientes para orientar os navegadores com segurança nos slagados caminhos do mar. O sonho, mais atrativo que a ciência, mais forte que o sopro do vento, não deteve as velas alinhadas na rota do sol.
Não sonhava apenas Cabral, sonhava também o rei que a nomeara capitão, sonhavam os portugueses, povo messiânico imcumbido de levar para terras estranhas a Cruz de Cristo. A força unida de muitos sonhadores empurrou a frota de Cabral mar adentro contra a propalada alegação de que rumava só com fins comerciais para a Índia pela via divulgada. A aproximação da carta de Caminha nos documentos de Colombo fortaleceu essa suposição.
As semelhanças não são apenas devidas à natureza do objeto mas também ao espaço cultural de que ambos partiram. Ambos declaram inocentes e pacíficos os nativos, ambos exaltam a qualidade do clima e a fecundidade do solo, ambos mencionam ouro, embora o território brasileiro retivesse por mais de um século os tesouros em serrariais inexploradas.
( Donald Schulers)

1 – Observe a partir do texto, os enunciados abaixo:
I – A frota de Cabral tinha uma única alegação para seu empreendimento, a de que rumava às Índias com propósitos comerciais.
II – Sonho, ciência e vento: três forças em níveis iguais para os navegadores portugueses.
III – Caminha e Colombo, em seus relatos sobre as terras descobertas, deixam transparecer aspectos análogos de seu universo cultural de origem.
IV- O solo brasileiro, por mais de um século, frustrou em serrarias inexploradas, o sonho messiânico dos portugueses
V – Os versos: “Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal.”
Evocam a contrapartida dolorosa do sonho lusíada.
  1. 3 e 5
  2. 2, 4 e 5
  3. 1, 3 e 5
  4. 2 e 4
  5. 1, 3 e 4

2 – A sequência do texto evidencia que :
I – O sonho, que era da frota, do rei e do povo português, é tópico explícito do 1º e do 2º parágrafos apenas.
II – so 2º pa’ragrafo, a continuidade do tópico desenvolvido no primeiro é indicada apenas a partir do 2º período.
III – a conexão entre o 1º e 2º parágrafos e entre o segundo e o terceiro tem valor aditivo.
IV – so 2º parágrafo, o autor retifica o tópico desenvolvido no primeiro.
V – no 3º parágrafo, estabelelce-se um antalogismo entre as percepções de Caminha e as de Colombo, reveladas em seus relatos históricos.

Estão corretas apenas:
  1. 1 e 3
  2. 1,3,4 e 5
  3. 1 e 5
  4. 2,4 e 5
  5. 2,3 e 5





03 -
Não cabe ao analista do texto identificar este ou aquele autor pelo estilo de época a que está ligado. Um autor é tanto menos original quanto mais se identificar com determinado gosto estético. E será original na medida em que suplantar a forma dominante de pensar e escrever em determinada fase.

De acordo com o texto:
  1. a originalidade do autor implica sua maior ou menor aceitação por parte do analista do texto.
  2. Convém distinguir, na análise do texto, apenas o estilo de época a que se vincula o autor.
  3. A identificação de determinado autor com estilo de sua época é pouco relevante como indicador do valor estético de sua obra.
  4. A maneira de pensar e de escrever reflete sempre o ponto de vista dominante numa dada época.
  5. O mérito está em sublinhar em seu texto as marcas do estilo de época em que vive.

04 – Bem, nós já vimos as razões por que a tão celebrada unidade linguística do Brasil não passa de um mito, isto é , uma idéia muito bonita, muito conveniente, mas falsa e, para piorar, também prejudicial, à educação, porque simplifica a realidade que, como vimos, é bastante complexa. No Brasil, portanto, não se fala “uma só lingua portuguesa”. Fala-se um certo número de variedades de português, uma das quais chegou ao ponto de variedade padrão por motivos que não são de ordem linguística, mas histórica, econômica, social e cultural.
( Marcos Bagno)

I - Assinale : ( C ) certo ou ( E ) errado
  1. O exemplo de linguagem que, segundo Marcos Bagno, é “falsa”é “prejudical” à edeucação:
_ Chico! Ocê pode mi dizê que hora são?
_ Hora do armoço.
  1. O autor do texto abaixo, explica o preconceito linguístico resultante do mito da unidade linguística:
“Existia uma família de matutos no sertão
um certo casal que tinha
de filhos grande porção
que sempre falava errado
deixando interpretação”.
( João Parafuso)
  1. Diante da nova concepção de variedade linguística, as diferentes pronúncias de palavras como gratuita/ gratuíta, rúbrica/ rubrica deverão ser reconhecidas como corretas em qualquer situação comunicativa.




    INSTRUÇÃO PARA O TRABALHO
    Imprimir as folhas de trabalho, colocar o cabaçalho completo: nome, número, ano, data (entrega): 22/09/2011, nome da professora e disciplina; tudo à caneta (azul ou preta). As respostas deverão ser dadas na mesma folha, sendo no espaço reservado, quando tiver, ou no verso da folha, anotando o número da questão. tudo à tinta (caneta azul ou preta). Obrigada!